Autobibliografia

Já passa da meia-noite, por entre as árvores la fora, passa uma corrente de vento que uiva feito lobos selvagens , a lua se esconde atras das nuvens, será nascente? Será Minguante ?
Fechado no meu quarto, penso nas palavras que vem do nada, penso em tudo, penso em nada, das quatro paredes, eu me fecho na minha mente.Procuro as palavras que fugiram aquelas que não lembro onde guardei, quero escrever, mas não sei de que, não sei escrever, sei falar de amor, de amizade , sobre mim , sobre você e de outras coisas.
Na rua só resta o som do nada, nem os ventos aparecem mais, não há ninguém de carne e osso.

Hoje não há estrelas no céu, faz frio, talvez chova, já não sei mais, não me importa como está o clima lá fora...Não me vem ideia alguma à cabeça.
Talvez eu deva ver um filme, ler um livro ou simplesmente começar a dormir.
Tentar sonhar, será que eu sonho essa noite ? Não é preciso dormir pra sonhar , já que depois temos mesmo que acordar..Há quem acredite que sonhos são nossas vontades mais profundas, que até abandonamos nosso corpo, quem sou eu pra duvidar disso ? Se sonhar contigo, eu hei de encontra-la. Mas se não sonhar talvez eu procure também , por te desejar.

Enquanto isso, quantas pessoas devem ter la fora , o que elas devem estar fazendo ? Quantos bêbados caindo entre as mesas de bar ? Quantos casais e desconhecidos devem estar fazendo amor e sexo nesse momento ? Quantas pessoas ainda estão de serviço? Não da pra imaginar, isso tudo nessa noite, em que perdi minhas palavras , que o clima la fora é o que menos importa.

Essa noite eu poderia falar de algo diferente, das coisas que não gosto em você, procurar seus defeitos, nossos defeitos em comum, essa noite eu poderia escrever uma música , cantar sobre praia, sobre sol e até inventar uma musa , falar sobre o que acontece la fora , ou me perguntar porque o céu é azul, poderia encontrar motivos para estar feliz ou lembrar que existe tristeza até nos dias mais bonitos, poderia falar dos problemas do mundo, falar do aquecimento global, primeira, segunda e até terceira guerra mundial,falar sobre a beleza da natureza e explicar como a beleza pode estar nos olhos de quem vê , essa noite eu poderia escrever sobre o dia, de hoje,de amanhã, escrever sobre sua beleza, seu sorriso e até sobre aquilo do que tenho medo, escrever sobre casais, sobre amor , carinho , paixão.

Escrever até sobre coisas interessantes,debater se é certo o aborto e pesquisas com células tronco,lembrar de conversas de bar que serão esquecidas no dia seguinte,mas nunca ficam sem sentido, seja quando se fala da morena da mesa ao lado ou sobre aquela nova oportunidade de trabalho. Sobre o tamanho do universo, até sobre coisas inúteis, sobre o cheiro da flor, sobre minha sorte no amor, sobre felicidade e até sobre tristeza claro.

Eu podia escrever sobre tudo, do pouco que eu sei, com essas palavras que vem do nada.
Mas não vou, hoje eu não vou escrever, não posso, afinal, ainda estou procurando as palavras que me fogem à cada dia, quando mais preciso, nas horas mais importantes, seja quando a verdade precisa ser dita, quando fico sem jeito , palavras que fogem quando eu quero dizer o que penso, palavras essas que fogem com a mesma velocidade que aparecem.
Não digo nada, não tenho nada a dizer, nada à escrever...

Nem sobre o que eu gosto, nem sobre o que eu penso, nem sobre mim,nem sobre ninguém
Portanto, essas palavras podem vir na minha mente borbulhando de vez em quando.

Mas na mesma hora, da mesma maneira, me deixa de lado, me abandona , e até então estou aqui procurando as palavras certas, as palavras que um dia eu perdi.

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