Antes e depois.

A água antes do vinho.                  O amanhecer depois da tempestade.
O beijo antes do arrepio.                      A tragédia depois do aviso.
O crime antes do testemunho.               O pecado depois da tentação.
O prazer antes do suspiro.                    A coragem depois do medo.
A decepção antes do desapego.           O flagra depois do proibido.
As pazes antes da guerra.                     O suspiro depois de um problema resolvido.
A humildade antes da inveja.                 A esperança depois do desespero.
A briga antes do arrependimento.          O ódio depois do amor.
A dúvida antes da escolha.                   A desistência depois da insistência.
O vicio antes da abstinência.                O Sol depois da Lua.
O nada antes do tudo.                          A conquista depois do desafio.
A paixão antes do amor.                       A fé depois de um milagre.
                 .                                                                      .
A água depois da tentação.                A paixão antes do vicio.                   
O beijo depois da coragem.                     A inveja antes do ódio.         
A decepção depois do flagra                    A Lua antes do Sol.
A tragédia depois da briga.                       A insistência antes do problema resolvido.
O medo depois do aviso.                          A dúvida antes da desistência.
O pecado depois do vinho.                       A esperança antes de um milagre.    
O tudo depois do desafio.                         O amor antes do desapego.   
O arrepio depois do suspiro.                     O nada antes da conquista.
A tempestade depois da guerra.                O amor antes do prazer.
O arrependimento depois da escolha.        O proibido antes da abstinência.
As pazes depois da humildade.                  O suspiro antes do testemunho.
O desespero depois do crime.                   A fé antes do amanhecer.
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Até o sol nascer.

Amanhece e a gente se conhece, nada planejado, tudo por acaso.
E de uma vez me entreguei a você, seu sorriso logo que vi mexeu comigo como nunca antes.
Lembro da sua blusa xadrez abotoada até a metade, seu short jeans e dos pássaros voando lá fora. Foi amor a primeira, a segunda e a terceira vista.
Logo me tornei quase um prisioneiro, via seu rosto em cada rosto, via você por todos os lados
Só pensava em você e no que fazer pra te arrancar o sorriso mais tentador.
De manha você me quer ardente, apaixonante, não havia barreiras, corríamos todos os riscos pra nos divertir ou apenas em prol do perigoso e divertido.
De manha sonhávamos em ter um casal de gêmeos, sonhávamos em ter uma casa de praia e outra de campo, preparamos um roteiro com um mapa do lado, o mundo cabia na mesa da minha sala.

Ao entardecer já estávamos mais maduros, tínhamos compromissos, uma vida pra levar.
Aquela paixão jovial que seus pais diziam que não daria certo, hoje já se tornou um amor, na saúde e na doença. Seus defeitos se encaixam com as minhas qualidades, brigas às vezes apareciam, muitas vezes pensamos em desistir, seguir caminhos diferentes, mas só pensamos, não separamos, talvez por causa das crianças.
De tarde, eu não encontro as chaves do carro, você as pega pra mim, você esquece e eu lembro que seu cunhado vai vir jantar conosco, você faz o lanche das crianças, eu as levo para o colégio, nos conhecemos mais do que podíamos esperar um dia.

O sol vai embora e a lua aparece. De noite, eu vejo as marcas que o tempo deixou, o meu e o seu rosto todo enrugado e uma nova (ruga) aparece cada vez que você me faz sorrir. Lá estávamos nós sozinhos novamente onde tudo começou, dessa vez sem criança chorando de madrugada , sem chaves do carro para perder ,nem compromissos.
Minha maior preocupação seria aonde ia levar meu neto para passear no final de semana, talvez eu o leve para pescar, o pai dele adorava fazer isso.
Cá estávamos nós, a mesma mulher que eu vi vestindo aquela blusa xadrez pouco abotoada, agora um pouco diferente, para mim mais bonita, melhor do que qualquer outra no mundo. Nem tudo saiu como o planejado, o roteiro foi perdido no meio do caminho, a rotina acabou com ele, a casa de praia deixamos sempre para comprar no próximo verão e o casal de gêmeos, ah isso não é problema, to satisfeito com nosso casal de filhos, não precisam ser gêmeos.
 Satisfação maior do que essa de ser pai é ser avô, ver o sorriso da minha velha, quando entrava minha neta: “Vovó, Vovó olha o que eu desenhei!”. Não tem coisa melhor.

E dessa maneira... Um dia após o outro, fica o que deixamos,não me arrependo das promessas falhas, de te desejar como você é e cada vez mais, de criar nossos filhos do jeito que eles vão criar nossos netos,de mudar meus planos por uma vida melhor, pelas vezes que surpreendi as expectativas dos seus pais.Assim fica registrado,nessa breve eternidade, eu me despeço nessa madrugada,antes que o dia termine.

Curiosidade de criança.

Quando criança toda noite fixava seus olhos na parede, lá perdia horas tentando descobrir o que era uma sombra disforme causada pela lua, não eram folhas de árvores, sabia disso, tinha dias que sentia medo, se escondia debaixo da coberta, outros dias tinha mesmo era a vontade de abrir a janela para ver o que era certa vez tomou coragem, correu pra janela, mas viu a sombra se mexer, sair dali, será que era um pássaro? 
Quando chegou não tinha mais nada, não desistiu, tentou de novo outra noite, dessa vez foi mais rápido e um pouco mais desengonçado, tropeçou nos seus sapatos, cambaleando caiu da janela pra fora em questões de segundos com sua mente exagerada de criança pensou ter morrido, de olhos fechados estranhou não sentir dor, tinha medo de ver seu sangue, mas começou a ver sua pequena vida diante de seus olhos, quando sentiu um impacto, sabia que não era o chão, seu corpo estava suspenso, foi automático: abriu seus olhos e então desvendou o mistério, encontrou o dono das asas que o seguia toda noite, mas não era um pássaro ou um morcego, se tratava de um homem branco como a lua, com cabelos cacheados e dourados, um homem forte, o menino se assustou na hora, arregalou os olhos como se tivesse visto um fantasma e não um anjo.
-Olá Rodrigo, você está bem? - Além de ser homem, ter asas, ainda falava, pensou.
-To... To sim, tu...tudo be...bem. - Gaguejou.
-Que bom. Calma meu jovem, posso te explicar, sou Haniel, mas pode me chamar como quiser, sou seu anjo da guarda, tenho te acompanhado desde que você nasceu , eu não podia deixá-lo me ver e deveria apagar sua memória agora, mas confio em você ,acho quem ao contará pra ninguém e tem algo maior te esperando.
-Anjo? Haniel? Que história é essa? Peri, então foi você que me salvou de ser atropelado ontem?
-É mais ou menos por aí, você ia atravessar distraído, eu dei um sopro no seu ouvido pra você olhar pro lado certo.
-Entendi, obrigado moço, o que acontece agora?
-Nada, você vai pra cama porque tem aula amanha cedo.

Desde então Rodrigo não teve mais medo à noite, ao atravessar a rua ou quando andava de bicicleta, mas vivia levando esporro do Haniel. Anos se passaram depois disso...
-Rodrigo, você está arrumando idéia rapaz.
-Que isso Hani! Estou nada, de qualquer forma te tenho aqui comigo...
-Eu sei, mas eu sou só anjo da guarda, não faço milagres, não acha que escalar sem equipamento é demais não? Você adora me dar trabalho.
-Ah Hani admita que você me adora vai! Se não fosse eu, você morreria de tédio.
-É talvez...
           
Nessa época Rodrigo já estava mais velho, despertou grande interesse por esportes radicais, era seu hobbie, já que não tinha medo de nada. Então mais alguns anos se passaram...
Rodrigo já era bem velhinho, estava doente e em seu leito de morte conversava com seu melhor amigo, falando um pouco mais da vida.
-Bom Hani parece que dessa vez você não podem e ajudar, vou finalmente sair do seu pé. Depois de todos esses anos devo agradecer por ter caído daquela janela.
-Não fala besteira, por pouco não te salvo naquele dia, mas até que eu gostei.
-Não sei para onde eu vou, mas me promete uma coisa?
-O que?
-Que vai cuidar das crianças e da minha esposa?
-Não posso prometer isso
-Hani, Porque não?!
-Rodrigo você prestou atenção em tudo que eu disse e que fiz todos esses anos?
-Prestei, mas por quê?
-Por que você vai me substituir Rodrigo, esse foi um dos motivos de eu ter aparecido pra você, você é meu substituto
-Eu o que? Hani não sei se posso fazer isso, eu insensato como sou, como vou conseguir?
-Rodrigo, que mania tem de me questionar, trata de ficar quieto e aceitar isso? Afinal você quer ou não cuidar da sua família?
-Claro que eu quero ora, mas você é tão novo, porque tem que ser substituído?
-Eu novo? Que piada Rodrigo, sou mais velho do que você pode imaginar, atuei na terra antes mesmo de você nascer. Primeira Guerra Mundial, aqueles anos foram uma loucura, e da Segunda Guerra nem se fala, estava procurando um substituto a altura faz tempo e parece que eu encontrei. Não se preocupa comigo, vou trabalhar em outro lugar, venho te visitar às vezes velho maluco.
           
Essa foi a ultima conversa deles antes de Rodrigo fechar seus olhos de vez, por anos tomou conta de sua família e depois de outras e outras famílias, às vezes Hani vinha visitá-lo, afinal quando a amizade é assim sobrenatural não se deve acabar. 

O homem de lata.

Restava um corpo cansado, suas olheiras quase negras, as luzes queimavam e caia na escuridão, a escuridão dos olhos abertos, ele não os fechava, ele não dormia, nem descansava.
Ele tinha serviços incompletos, não sossegava, queria construir pontes, ligar cidades, construir edifícios cada vez mais perto do céu.
Ele já tinha calos nos dedos, esqueceu que podia sentir forme, esqueceu dos vizinhos, dos amigos, da família e da namorada, não era o bastante, ele não estava satisfeito.
Já deixou claro que quando terminar seus dias não quer ser enterrado tão pouco se tornar cinzas.
No final ele quer ser enlatado, para que ele não precisasse saciar seus vícios ruins, não ter que saciar a fome, a sede, o cansaço sempre.
Essas sim são as drogas, suas necessidades impróprias, tiram-lhe a lucidez essencial para botar de pé mais um arranha-céu, assim segue sua vida com os papeis trocados, os vícios no lugar das necessidades até seu calo curar, até seus olhos não agüentarem e de uma vez por todas, fechá-los para não abrir e finalmente se tornar um homem de lata.
Aos poucos passou a usar fios no lugar de neurônios.
Já não sentia sabor, já não sentia prazer, já não sentia amor, tinha muito que fazer.
Aos poucos tornou artificial sua inteligência.
Na sua frente só enxergava seu relógio, suas réguas, suas anotações e suas novas criações.
Aos poucos trocou sangue por óleo, tornou fria sua carne, tornou rígida sua pele, antes macia.
De tanto trabalhar, já não sabia nada, se lá fora chovia ou fazia sol, se era inverno ou verão, só sabia da sua selva de pedras e de metal, onde os animais vivem perdidos e apressados.
Seu sonho é ser um robô, dispensar distrações, não sentir sede ou fome, se livrar dos amigos e da família, meras distrações, não sentir saudades.
Aos poucos trocou o coração por uma maquina que bombeava de acordo com sua potencia elétrica.
Enfim, um sonho que virou realidade, o homem que ficou encinzentado, frio e vazio, finalmente se tornara: um homem de lata.

Que vida tem nisso ?

Pra onde vamos, aonde vamos parar?
Passa tempo, passa hora, corre, corre pra não perder a hora.
Correndo contra o tempo,
Corre, corre, não vai querer pegar o sinal fechado.
Pra onde vamos? Aonde vamos parar?

Todos com pressa, ninguém quer se atrasar,
Que vida tem nisso?
O metrô lotado, ônibus apertado, o trânsito sempre congestionado
Que vida tem nisso
Pra onde vamos? Aonde vamos parar?

O povo anda estressado, esquece de sorrir, da felicidade, da gentileza.
Gentileza gera gentileza, mas ninguém
Quer dar o primeiro passo, ninguém quer perder tempo.
Uma corrida contra o tempo, seus relógios devem estar ajustados
Está preparado? Então vamos, o sinal abriu, pé no acelerador.
Pra onde vamos? Aonde vamos parar?

O povo anda esquecendo o q eu de fato importa.
Apressados esquecem que a vida deve ser vivida.
É um sistema, está preparado? Para entrar deve ser assim:
Basta esquecer-se de sorrir, de se divertir, viver estressado e apressado. Basta não olhar para o lado.Siga em frente, sempre ! Passou no teste, meus parabéns.
Que vida tem nisso? Diz pra mim.
Pra onde vamos? Aonde vamos parar?

Corre, o sinal vai fechar!
Já está amarelo, mas não vai frear!
Não se esqueça da reunião, pé no acelerador!
Sempre em frente, não olhe pro lado.

É um cruzamento! Ah não, cuidado!...
...É meu caro, hoje não terá reunião pra você, sinto muito pela vida não vivida.
Pra onde vamos? Aonde vamos parar?
Enfim, o ponteiro do seu relógio já vai parar, não terá com que se preocupar.
Enfim é aqui que paramos seu patrão logo achará um substituto.
E então meu caro, diz pra mim. Que vida tem nisso ?